A estudante de Medicina Veterinária Juliana Bardella, levou um susto quando precisou ser internada às pressas em um hospital de São Paulo.
Ela vinha apresentando nos últimos dias sintomas como fortes dores de cabeça e incapacidade de executar tarefas simples do dia a dia. Após uma ressonância magnética ela recebeu o diagnóstico de trombose venosa cerebral, causada por uso de pílula anticoncepcional.
“Cinco anos de YAZ, três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose”, disse em Juliana em um texto no Facebook.
Ela ainda conta que a dor de cabeça “foi aumentando gradativamente durante três semanas, até ficar insuportável.”
Horas antes de se internada, Juliana conta que passou por momentos complicados até conseguir ajuda: “Peguei o celular para fazer uma ligação, mas foi muito difícil, fiquei muito tempo olhando para a tela sem saber o que fazer, como se tivesse esquecido como manusear um telefone.
Deixei o celular de lado e fui ao banheiro, e para o meu maior desespero não sabia mais usar o banheiro, fiquei olhando pela porta e não sabia mais por onde começar, como isso era possível?”, escreve.
Após ser levada ao hospital pelos pais, Juliana fez exames que confirmaram a trombose.
O médico a perguntou se ela utilizava algum anticoncepcional, ao confirmar que sim, ela recebeu a notícia que esta poderia ser a causa de seu problema.
Alguns tipos de anticoncepcionais estão relacionados ao aumento do risco de trombose. Esse risco é bastante conhecido pela medicina, por isso, o médico ao prescrever o contraceptivo deve levar em conta se a mulher tem outros fatores de risco para a doença.
Pílula Anticoncepcional e seus Riscos
Os anticoncepcionais relacionados ao desenvolvimento do quadro de trombose são os que contêm o hormônio drospirenona.
Uma pesquisa da agência americana FDA, divulgada em 2011, sugeriu um risco aumentado de formação de coágulos sanguíneos, de trombose venosa e tromboembolia pulmonar. Artigos publicados no British Medical Journal (BMJ) levantaram a mesma questão.
O medicamento em questão, o Yaz contêm o hormônio drospirenona e em sua bula há uma contra-indicação à pacientes com histórico de trombose, entre outra doenças, acompanhado do seguinte alerta:
“Estudos epidemiológicos sugerem associação entre a utilização de COCs e um aumento do risco de distúrbios tromboembólicos e trombóticos arteriais e venosos, como infarto do miocárdio, trombose venosa profunda, embolia pulmonar e acidentes vasculares cerebrais. A ocorrência destes eventos é rara”.
A questão é que muitos médicos nem sequer perguntam às pacientes se elas têm histórico de certas doenças antes de prescrever pílulas anticoncepcionais, em outros casos, a paciente compra por conta própria um determinado medicamento que pode ser prejudicial para a saúde, muitas vezes correndo até risco de vida.
Está na hora pararmos de ver as pílulas anticoncepcionais como inofensivas, pois são medicamentos como diversos outros e necessitam de cuidados para seu uso seguro.